Um artigo de 2013 apresentou os « 10 grupos musicais mais comprometidos politicamente » (http://www.vishows.com.br/2013/05/26/10-bandas-de-rock-super-politizadas/). Entre eles estavam Bono e U2, claro, e os « rebeldes » dos anos 70 e 80 engajados em lutas contra a desigualdade social, o racismo, a opressão das minorias e pela proteção do meio ambiente e dos primeiros povos. RATM, Recusado, The Clash, o grupo francês Trust, Manic Street Preachers, Dead Kennedys, Pearl Jam, Gang of four, New Model Army e Midnight Oil… Nada de novo sob o sol de um clima quente. Isso significaria que os grupos de hoje estão seguindo a atual tendência social de desinteresse político ou mesmo de desinteresse em assuntos públicos?
Lellê no primeiro dia de Rock In Rio, homenageando Marielle Franco (FOTO: AGNews)
O festival Rock in Rio mostrou que este não é o caso e que a cultura que tem sido intimidada está reagindo com letras e discursos. O cantor Karol Konka castigava violentamente o racismo e os racistas « fogo nos racistas ». O DJ Konka fez uma longa tirada sobre amor e tolerância. « Mas vamos seguir o caminho do amor, porque é nele que a gente encontra a verdadeira felicidade ». E pra falar do amor não precisa ir muito longe. Vocês sabem muito bem o que não é amor. Gostaria de dizer, porém, que não creio que este seja o momento certo: a violência, o preconceito, como guerras, intolerância, e o que sobre é amor »… – (Veja mais em https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2019/09/27/rock-in-rio-alok-faz-discurso-e-publico-responde-com-ofensa-a-bolsonaro.htm?cmpid=copiaecola.) O público superaquecido então vaiou Jair Bolsonaro por um longo tempo. A cantora Lellê prestou homenagem a Marielle Franco, o ícone da luta pela igualdade e contra a corrupção, assassinada com seu motorista por homens ainda não identificados. Como nos Estados Unidos, o mundo da tolerância, da inclusão e da razão parece ter retomado seus direitos nestes lugares de arte e entretenimento que tantas vezes foram dedicados a ela. Que o mundo iluminado pela luz da sabedoria represente mais uma vez a sociedade brasileira.