Em um artigo de 12 de outubro, Le Monde relembrou a dura realidade dos países emergentes confrontados com o vírus. O Brasil, de forma caótica, havia enveredado pelo caminho da contenção, apesar das injunções em contrário de parte do executivo, inclusive do presidente Jair Bolsonaro.
Após seis meses de fechamento das escolas devido à pandemia, centenas de milhares de crianças pobres poderiam ser retiradas do sistema educacional. Este problema não é específico do Brasil. Às vezes é preciso a vontade e o engenho de professores apaixonados para manter esta ligação fundamental entre o ensino e o aluno.
(Aqui, uma professora coloca seus deveres de casa em sacos pendurados na parede de sua casa para respeitar a desinteresse social). Também na França, nos bairros mais frágeis, o abandono escolar é um risco que o Ministério da Educação está consciente e tenta evitar, apesar da qualidade da rede de ensino francesa. No Brasil, um país de excesso, o que parece ser uma divisão social na França, assume a aparência de um abismo. A desintegração do sistema de educação pública, o estado de abandono em que se encontram os serviços e as populações das favelas e a exposição aos riscos da Covid19 , criam uma incerteza insuportável sobre o futuro de uma franja deste Brasil de amanhã cujos pais esperavam um futuro digno, se não radiante. A Organização Mundial da Saúde incentiva cada Estado a manter as escolas abertas, mas a situação atual, onde a maior crise de saúde é combinada com uma depressão econômica que lembra a de 1929, deixa o Estado brasileiro com pouca margem de manobra e meios para realizar esta importantíssima missão regaliana de proteger e educar o Brasil de amanhã. No entanto, é através dessas duas missões de proteção e treinamento que o Brasil traçará o caminho que lhe permitirá passar do status de país emergente, com demasiadas divisões, para o de país emergente mais pacífico e democrático.