Prestação de cuidados intensivos em áreas metropolitanas: uma abordagem geográfica

 

Como em muitos países do Norte e do Sul, as metrópoles brasileiras concentram serviços de alto nível, incluindo serviços de saúde. São o lar de quase metade da população brasileira e também capturam o crescimento demográfico e econômico do país. A participação da população residente nas metrópoles varia, no entanto, de mais de 67% na região Sudeste a 23% na região Centroeste. Nas regiões mais pobres do Norte e Nordeste, são 30 e 31%, respectivamente.

Tab.1 Parte de leitos UTI em areas metropolitanas por regiao

Regiao Parte pop metro parte leitos uti en metro parte leitos uti sus em metro parte leitos privados
Sudeste 67,45 74% 64% 81%
DF 100,00 100% 100% 100%
Sul 40,15 74% 73% 77%
centrooeste 23,33 75% 65% 82%
nordeste 31,05 83% 83% 83%
norte 29,69 71% 62% 82%

Source : CFM, 2016                                                                                                H. Foissotte, 2020

Em todas as regiões, a oferta de leitos de terapia intensiva (UTI) está super-representada nas áreas metropolitanas. Aproxima-se ou ultrapassa 75% nas áreas metropolitanas. Apenas 1 em cada 4 leitos de terapia intensiva está localizado em áreas não-metropolitanas. A oferta privada de leitos de UTI é ainda mais concentrada. Assim, para completar nossas observações sobre os desequilíbrios quantitativos e qualitativos na oferta de atendimento no Brasil, em particular no contexto dos leitos UTI, única resposta adaptada ao atendimento dos pacientes afetados pela Covid 19, pode-se pensar que fora das metrópoles, não há salvação. A geografia brasileira, fortemente influenciada pelo desenvolvimento do litoral durante as diferentes fases da colonização, é marcada por uma concentração de populações em poucos lugares. 100 milhões de brasileiros estão concentrados em 29 regiões metropolitanas. Apenas alguns estados têm mais de uma área metropolitana. Só o Estado de São Paulo tem um total de 6 regiões metropolitanas, o que permite uma dispersão geográfica da oferta, mas este caso difere do modelo geral brasileiro. Em regiões de menor desenvolvimento, como o Norte e Nordeste, a pequena parcela da população metropolitana, concentrada em torno da capital estadual, maximiza a distância estatística do paciente da oferta de atendimento na UTI. O confinamento de populações, que Bolsonaro se recusa a implementar, parece ser a solução preventiva mais adequada no caso brasileiro, pois parece improvável que o Estado brasileiro consiga montar uma logística de transporte de pacientes para hospitais distantes capazes de atender as vítimas da pandemia. Se o território brasileiro é um dos pontos fortes do país, é também a sua fraqueza.

 

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