As desigualdades na cobertura hospitalar no Brasil no caso do Covid 19 : uma abordagem geográfica

 

Para geógrafos, profissionais de saúde, políticos e cidadãos preocupados, a propagação da pandemia é, infelizmente, um exemplo in situ da globalização. Além da edição « le dessous des cartes » sobre o Brasil e a pandemia do Covid 19, este artigo da Tiradentes-geografia propõe ilustrar as desigualdades e fragilidades do Brasil em suas capacidades hospitalares em leitos de terapia intensiva, os únicos capazes de tratar as condições agudas do Covid 19. Globalmente, com uma oferta de 2 leitos de terapia intensiva (UTI) por 10.000 habitantes, o país tem (teoricamente) conseguido atender às expectativas ministeriais que recomendam 1 a 3 leitos de terapia intensiva por 10.000 habitantes. Entretanto, dos 5570 municípios brasileiros, 5065 não possuem nenhum leito de terapia intensiva. Somente uma abordagem multiescalar será capaz de explicar as insuficiências do sistema brasileiro de saúde e assistência.

(https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=26167:2016-05-16-12-15-52&catid=3)

As regiões, a abordagem histórica das desigualdades sociais. 

Em nosso capítulo introdutório, lembramos os efeitos dos diferentes ciclos econômicos brasileiros sobre o desenvolvimento atual das regiões. As regiões Sul e Sudeste são as mais ricas e desenvolvidas, enquanto as regiões Nordeste e Norte aparecem como regiões esquecidas no desenvolvimento e a « emergencia » economica do país.

Tab.1 Oferta de leitos UTI  por regioes

régions
pop
part pop
lits UTI
part/ total leitos  Bra
leitos/10000 habs
leitos SUS
parte dos  leitos SUS
Leitos SUS/10000habs
Sudeste 85 745520 41,35 22 200 54,20% 2,59 9 486 47,00% 1,11
DF Brasilia 2 914 83 0 1,41 1 071 2,60% 3,67 281 1,40% 0,96
Sud 29 230180 14,10 5 995 14,60% 2,05 3 722 18,50% 1,27
Centro-Oeste 15 442232 7,45 3 375 8,20% 2,19 1 436 7,10% 0,93
Nordeste 56 560 081 27,28 7 332 17,90% 1,3 4 388 21,80% 0,78
Norte 17 472 636 8,43 2 058 5,00% 1,18 1 141 5,70% 0,65
Ensemble 207 365 479 100 42 031 100% 2,0 20 454 48,66 0,99

Source. portal.cfm.org.br                                                                                     H.Foissotte, 2020

Todas as regiões têm uma taxa de cobertura da UIT de mais de 1. As regiões Norte e Nordeste têm taxas, no entanto, duas a três vezes inferiores às das regiões Sudeste e Sul e do Distrito Federal de Brasília. Porém, se apenas o serviço público do SUS (Sistema Único de Saúde) na UTI for levado em conta, o quadro é muito pior. Apenas as regiões Sudeste e Sud têm uma oferta que atinge o mínimo exigido. As regiões Norte e Nordeste têm taxas bem abaixo do mínimo (0,65 e 0,78 leitos por 10.000 habitantes, respectivamente). Mesmo Brasília, que é bem dotada em termos gerais, não possui leitos suficientes no setor público. E é aqui que reside o problema. Três quartos dos brasileiros não têm condições de pagar seguros médicos particulares caros e não terão acesso a hospitais privados, mesmo que haja vagas disponíveis e o prognóstico do paciente seja vital. Artigos sobre violência no Brasil têm mostrado que a cor e a pobreza agravam a ocorrência de mortes por homicídio. A pobreza aumenta a chance de morrer de uma doença que é tratada em mais da metade dos casos.

 

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