Apesar das atitudes erráticas dos governos ocidental e chinês, a obrigação de confinar os cidadãos está a ser levada a cabo de forma mais ou menos correcta. Se as praias do Rio estão hoje desertas, a situação no Brasil será diferente da do Marrocos, onde a contenção é, segundo alguns especialistas, difícil ou mesmo impossível de ser imposta?
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/em-cenario-inedito-areias-de-copacabana-ficam-vazias-com-anuncio-de-suspensao-de-acesso-a-praia,
« Um modo de vida muito ‘exterior’, habitação precária, uma economia de trânsito… O distanciamento social é antinómico com sociedades cuja população é na sua maioria precária », explica o sociólogo marroquino Mehdi Alioua do diario « l’Obsvervateur ».
Nos bairros mediterrâneos e marroquinos, a exiguidade das ruas e habitações multiplica as interacções e os contactos entre as pessoas. O modo informal de vida obriga as populações mais carenciadas a sair para o trabalho ou a comprar mantimentos nos souks, onde a distância social, cultural e espacial é difícil. Pouca atenção é dada a um Estado que nem sempre é de confiança ou que não pode ajudar os cidadãos a satisfazer as suas necessidades primárias em caso de confinamento. As sociedades estão de facto confrontadas com um dilema: como proteger e como exigir obediência civil e cívica aos excluídos? O caso brasileiro, onde parte da população vive nas favelas, é diferente do Marrocos? O trabalho social dos anos Lula tem sido capaz de construir um sentimento de convivência suficientemente forte para ajudar as populações mais frágeis e permitir-lhes respeitar o confinamento?
No caso do fracasso da política de contenção no Brasil, epidemiologistas de Oxford citam o número de 470.000 mortes atribuídas ao códiv 19.