Uma projeção do Presidente Marcon havia provocado a ira do Presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O arrendatário do Eliseu exortou os franceses a pararem de comprar soja brasileira e preferirem a soja nacional para lutar, como na história do beija-flor lutando contra o fogo, contra o desmatamento da Amazônia. (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/01/macron-associa-soja-do-brasil-a-desmatamento-da-amazonia-e-defende-plantio-na-europa.shtml)
https://envertetcontretout.ch/2019/05/27/la-production-de-soja-menace-les-dernieres-forets-damazonie
« Na terça-feira, o presidente francês havia defendido o aumento da produção de soja na Europa para ser « coerente com [nossas] ambições ecológicas ». « Quando importamos grãos de soja que são feitos por marchas forçadas em florestas destruídas no Brasil, não somos coerentes conosco mesmos », disse Macron em um vídeo acompanhando uma mensagem no Twitter. https://www.lemonde.fr/international/article/2021/01/15/bresil-jair-bolsonaro-accuse-emmanuel-macron-de-dire-des-idioties-sur-le-soja_6066321_3210.html
O vice-presidente brasileiro Mourao e Jaïr Bolsonaro iam então fazer uma birra com o presidente francês, reprovando-o por seu desconhecimento do contexto brasileiro, sendo a soja de acordo com eles, especialmente cultivada nos cerrados de Goiás e Mato Grosso e secundariamente nas planícies do Sul do país. É verdade que o perigo da extraordinária biodiversidade dos Cerrados, planaltos no interior do Brasil, é menos preocupante para os cidadãos brasileiros e para o mundo em geral porque esses biomas são menos conhecidos e a resposta « emocional » à destruição dos « arbustos » é menos tingida de emoção.
Entretanto, a soja é um elemento constituinte do desmatamento na Amazônia (entre outros) que deve ser descompartimentado. Esta frente de soja está ligada à explosão da demanda de carne urbi e orbi no Brasil e ao redor do mundo. Como explica o geógrafo Antonio Ioris da Universidade de Cardiff: « Como eles são os últimos a chegar neste ciclo, os produtores de soja afirmam que não estão contribuindo para o desmatamento. Esta retórica é um erro porque negligencia a sinergia entre os setores » (da produção de soja, criação de gado e corte de madeira, nota do editor).
https://www.dw.com/pt-br/o-papel-de-gado-e-soja-no-ciclo-de-desmatamento/a-52151786
Além dessas querelas quase bizantinas, tão urgente é a situação no Brasil e em outros lugares, toda a cadeia do desmatamento importado deve ser levada em consideração. É a demanda que cria a oferta ou a oferta que cria a demanda? Os consumidores são responsáveis? Na verdade, não podemos tirar-lhes alguma responsabilidade, mas podemos culpar os consumidores a quem não é oferecida a rastreabilidade do produto? Na cadeia do desmatamento importado, ou seja, do ecocídio sobre o qual o Parlamento francês legislou, será sem dúvida necessário criminalizar a importação de produtos resultantes de um ecocídio, obrigando assim as multinacionais a garantir a rastreabilidade de seus produtos. Alguns argumentarão que se trata de uma idéia suicida no atual contexto econômico, mas a União Européia preencheu este piedoso desejo da Tiradentes-geografia, através da voz da Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, que vai propor uma resolução à Comissão Européia.
« A proposta concreta que fiz nesta resolução é que os produtos agrícolas brasileiros só poderão entrar nos mercados europeus se for demonstrado que eles não contribuíram para o desmatamento e a destruição de ecossistemas como o Pantanal ou o Cerrado, além da Amazônia. Além disso, estes produtos do Brasil e de outros países não podem ter contribuído para a violação dos direitos humanos, dos direitos de propriedade ou dos direitos dos povos indígenas ». (https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55168713)
O mesmo requisito também se aplicaria às empresas européias que investem dinheiro no Brasil – tais como bancos e fundos de investimento. (ibid.). Parece essencial obrigar os importadores e comerciantes de produtos a oferecer uma rotulagem que meça a pegada ecológica e humana, semelhante às classificações de energia e nutrição em a, b, c, d.
Isto faria do consumidor um ator, mas forçaria todos os envolvidos na cadeia de produção a assumirem a responsabilidade.