Brasil: médicos se recusam e veterinários atendem moradores de rua
Nestes tempos de pandemia, os mais frágeis de nossas sociedades sao os mais expostas ao risco de infecção. Em países emergentes como o Brasil e, em menor grau, Marrocos, a inadequação da prestação de cuidados de saúde torna ainda mais hipotético que essas « pessoas esquecidas » sejam atendidas. Assim, o diário conservador Globo, em um de seus editoriais, lembrou um dos (muitos) paradoxos do país do « homem cordial ». O Ministério da Saúde teve que requisitar veterinários para tratar os sem-teto e os índios, pois os médicos não podem ou não querem assumir esta função, o que é inerente ao juramento hipocrático. A idéia não é nova. Os legisladores franceses já haviam pensado em « repovoar » os desertos médicos franceses com veterinários. Afinal, o homem é apenas um animal « inteligente », como disse humoristicamente o cantor frances Michel Fugain. Alguns, mais cínicos, argumentarão que nas sociedades neoliberais, os « improdutivos » não têm o direito de ser citados…e perdem seu status de seres humanos.