Futebol, esporte e política no Brasil, uma história de conservadorismo

O anti-fascista tifosi do Flamengo havia mostrado sua oposição ao atual presidente e exigido justiça para Marielle Franco, ativista e membro da « torcida rubonegra » assassinada em 2018. O progressivo comprometimento dos esportistas e torcedores não é novidade. Durante o regime militar, o « Doutor » Sócrates e seu clube corintiano haviam demonstrado o seu amor inabalável pela democracia…antes de serem reassentados no Brasil.


No entanto, como na França, segundo o cientista social Marcel Diego Tonini, da USP, o mundo do futebol e do esporte é estruturalmente conservador, com uma hierarquia de cima para baixo. Como resultado, houve um aumento nas manifestações de apoio ao Bolsonaro por parte dos esportistas. O jogador Felipe Melo, de Palmeiras, dedicou seu gol vencedor ao ex-militar. Dois dias antes, os jogadores da seleção brasileira de vôlei tinham o número do candidato bolonaro em suas camisas. O mundo conservador do esporte e do futebol não dá aos jogadores progressistas a oportunidade de se expressarem e eles tendem a se censurar. (op.cit.). « Não consigo imaginar que um jogador, em uma entrevista após uma partida, possa apoiar, por exemplo, um político como Lula ». Se ele lança um « Lula livre », a repercussão seria mais radical do que para apoiar o Bolsonaro, ele teria represálias dentro do clube e provavelmente seria retirado dos gramados para futuros jogos ». (tradução de Tiradentes-geografia) https://www.pragmatismopolitico.com.br/2018/09/atletas-de-esquerda-represalias-bolsonaro.html

Tonini cita o jogador Paulo André, ex-corintiano do Sócrates, que foi enviado à China para terminar sua carreira profissional. O pesquisador vê isso como uma clara conseqüência da postura muito progressista do jogador.  Ele ressalta que muitas vezes são os jogadores em fim de carreira que têm força para quebrar a camisa de força conservadora do mundo esportivo. Esses jogadores muitas vezes se beneficiam de um forte apoio, seja de clubes de fãs ou de alguns deles. De fato, ao contrário de muitos fan clubs franceses e europeus, existem tendências « progressistas » ou « antifascistas ». Os adeptos no Brasil representam toda a diversidade da sociedade. Antifacistas em Palmeiras haviam pedido a suspensão de Felipe Melo, que se opunha aos valores do Palmeiras, fundado por imigrantes. O famoso « Gavioes da fiel », coração dos valores do Corinthians, lembrou a luta do clube pela democracia e a incompatibilidade de seus valores com os de um candidato abertamente nostálgico pelos anos de chumbo.

A luta contra o racismo e a homofobia é, por enquanto, uma prerrogativa apenas da esquerda comprometida, grupos minoritários de torcedores. A democracia coríntia parece estar muito distante. Entretanto, as muitas mensagens de tolerância, o discurso progressista dos coletivos antifascistas, as palavras iluminadas dos antigos Juninho e Rai de Lyon são tantos baluartes contra a crescente segregação sócio-espacial dos países do norte e do sul, onde a noção de Estado-Providência se desintegra em favor da lógica neoliberal.

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