O Instituto Butantan: o mundo das cobras no coração de São Paulo

Esculápio era o deus romano da medicina e seu atributo era a cobra. Hoje, estes répteis são objecto de fobia para a maioria das pessoas no planeta. No Brasil, há mais de 70 espécies venenosas, que matam em média 129 pessoas, de uma média de quase 30 mil picadas por ano. Algumas destas picadas, se não forem letais, podem causar deficiências, por vezes irreversíveis (necrose dos tecidos à volta da ferida, insuficiência renal…). A OMS declarou em 2017 que o problema do tratamento da mordida de cobra era muitas vezes negligenciado, enquanto milhões de pessoas na zona intertropical são expostas a ele diariamente, na maioria das vezes em áreas rurais. No Brasil, áreas com mais picadas de cobra têm acesso difícil a soro
No Brasil, são principalmente os homens de 15 a 49 anos que são vítimas de picadas de cobra, especialmente nos membros inferiores, quando trabalham nos campos ou na floresta. Cientistas da UFF identificam planta que inibe o veneno da surucucu
Diante desse risco, o Brasil tem uma instituição, o Instituto Butantã (centro de pesquisa biomédica), em São Paulo, há mais de um século. É hoje um centro de investigação científica de renome mundial sobre ophidians, aranhas e escorpiões e sobre a produção de venenos e antivenenos. Duzentos pesquisadores estão tentando entender melhor os segredos das moléculas de veneno para desenvolver antídotos para os muitos envenenamentos potenciais no Brasil. Mas o instituto é também um centro de investigação e produção de vacinas contra doenças infecciosas transmitidas por um vector animal.  Ele estava encarregado de produzir um antídoto para o vírus Zika.

Todos os dias, oito técnicos do centro irão extrair o precioso veneno de muitas cobras com imenso respeito pelo animal tratado e muito cuidado. Apenas dois acidentes são comunicados, enquanto os manipuladores extraem mais de dezenas de milhares de venenos por ano. Mas a pesquisa não pára apenas com cobras. Aranhas, lagartas, escorpiões são estudados na esperança de descobrir uma molécula milagrosa com aplicações biomédicas. Assim, uma lagarta, lonomia, teria um veneno que dissolveria coágulos de sangue. Aplicação em caso de cirurgia prolongada seria possível. Acredita-se que o derivado do veneno da cascavel tenha aplicações na luta contra certos tipos de câncer.

Au coeur du Brésil, les serpents crachent leurs mystérieux venins.Résultat de recherche d'images pour "fotos instituto butantan"

O uso de soro antiveneno é complexo. Os soros muitas vezes fornecem respostas específicas às picadas de cobras cujas espécies devem ser identificadas. O soro deve então ter sido armazenado em condições que respeitem a cadeia de frio. Isso pode parecer muito complicado nas áreas remotas do Brasil, as mais expostas ao risco de mordida.  Um desenvolvimento recente foi o lançamento de um soro em pó contra picadas de cobra. « A vantagem é que ele pode suportar uma temperatura ambiente de 38 graus e pode ser armazenado por 5 anos, para que possa ser transportado para áreas de difícil acesso. O novo produto em pó é eficaz contra 3 grupos de cobras: Jararaca (spearhead ou Bothrops), surucucucu (bush master ou lachesis muta) e cascavéis ». https://www.dgdr.cnrs.fr/drh/protect-soc/documents/missions-etranger_mors-piqu.pdf
O veneno do surucucucu é o mais perigoso, mas as picadas deste magnífico ofídeo são raras (apenas 2% das picadas de cobras venenosas). O baixo número de picadas desta cobra tem, de facto, estimulado pouca produção de soro pelos laboratórios. A Universidade Federal Fluminense teria desenvolvido um soro à base de uma planta chamada Stryphnodendron barbatimam Mart, já conhecida por suas propriedades antihemorrágicas e que neutralizaria os efeitos do veneno da maior cobra venenosa da América do Sul (op.citée).

O instituto é também um centro de informação, ensino e pesquisa sobre cobras e biotecnologias de âmbito internacional. Podemos visitá-lo.  Os répteis são visíveis e um museu interessante mostra tanto a história do centro como as técnicas de produção de soro, após injecções de veneno diluído com cavalos (técnica ainda utilizada). Esperemos simplesmente que não suba em fumaça como o Museu Nacional do Rio, pois seu acervo de animais naturalizados já foi destruído pelo fogo devido à falta de recursos suficientes para a manutenção das instalações.

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