Na secretária de um estudante, estava escrito « se a estupidez fizesse chover, iríamos à escola de barco ». Infelizmente, apesar de todos os esforços feitos pelo governo brasileiro, parece que este aforismo não é verdadeiro. Não importa o que o Sr. Bolsonaro diga, os cépticos do clima terão de admitir desta vez que nada está a correr bem. O rio Paraná está a enfrentar uma das piores secas da sua história.

https://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-58463326

Tal como as imagens do Mar de Aral a secar, os barcos que normalmente viajam nesta « auto-estrada fluvial » serão em breve vistos presos na areia. Uma das causas mais prováveis desta seca regional é a desflorestação intensiva desta região, porque infelizmente, este fenómeno de predação antropogénica não é específico da Amazónia. Contudo, também sabemos que a desflorestação da Amazónia tem um impacto muito para além da Amazônia legal. O nosso artigo sobre os rios voadores descreveu as notáveis descobertas deste projecto de investigação germano-brasileiro, e infelizmente algumas das conclusões estão hoje a ser confirmadas nas margens do rio Paraná (https://wordpress.com/post/tiradentes-geographie.com/841). Será já demasiado tarde? Talvez, talvez não, mas o que é certo é que será demasiado tarde se a sociedade brasileira, mas também as sociedades civis globais, não começarem hoje a enfrentar este gigantesco projecto de combate ao aquecimento global. No meio da crise climática, falava-se de um « próximo mundo » mais humano, onde o homem estaria de volta ao centro do mundo, como nos tempos dos humanistas. É preciso dizer que este desejo não deu em nada. O homo economicus prevalece mais uma vez sobre o homo ecologicus.